Biblioteca Nacional – RJ: patrimônico histórico e cultural brasileiro
Um dos pontos que eu considero mais importante a ser visitado em uma viagem ao Rio de Janeiro é sem dúvidas a Biblioteca Nacional, de grande importância para a história e cultura do país desde o início do século XIX. Quando estive na capital carioca, participei de uma visita guiada que é oferecida gratuitamente na Biblioteca e aprendi muito! Este post, portanto, tem a finalidade de registrar e compartilhar o que achei de mais interessante por lá.
HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO
Costuma-se dizer que o acervo original da real biblioteca de Lisboa chegou ao Brasil junto com a família real, em 1808. Na verdade, a primeira leva do acervo chegou apenas 2 anos mais tarde, mais precisamente dia 29 de outubro de 1810. No entanto, naquela época a cidade do Rio de Janeiro era pouco desenvolvida e por isso não havia um local apropriado para alocar os livros. Assim, o acervo ficou, inicialmente, no Hospital Nossa Senhora do Carmo, que se encontrava próximo à Praça XV.
É apenas depois de cerca de quase 50 anos que o acervo é movido do antigo hospital, graças a um decreto assinado por Dom Pedro II em 1858. Com isso, a biblioteca é estabelecida em um prédio na Rua do Passeio, onde hoje funciona a Escola de Música da UFRJ, e também fica lá por mais cerca de 50 anos. Ou seja, mesmo após 100 anos em que a biblioteca real estava no Rio de Janeiro, ainda não tinha um local determinado, para “chamar de seu”.
Durante todo esse tempo, no entanto, o acervo não parou de crescer. Isso se tornou ainda mais preocupante quando se passou a ser obrigatório enviar todas as publicações do país para lá, como ainda é até hoje. Além disso, a Biblioteca também recebia muitas doações — nacionais e internacionais — e comprava muitas coisas em leilão, até que chegou um momento em que aquele prédio não era mais suficiente para comportar todo o acervo.
Somente no início da república é que passa a ser pensado um local especificamente para abrigar a biblioteca, daonde tem origem a construção atual. O prédio é construído juntamente com os vizinhos Theatro Municipal e Museu Nacional de Belas Artes, sendo as três construções marcas de um período de modernização da cidade do Rio de Janeiro.
É interessante notar, ainda, que para contribuir com a popularidade do regime republicano, empregou-se nessas construções tudo de melhor que havia no mundo àquela época. Exemplos disso na Biblioteca Nacional são as portas de bronze originárias da Inglaterra, os vitrais franceses e o corrimão de ouro que veio da Alemanha.
O atual prédio da Biblioteca Nacional ficou pronto em 4 anos, mas sua inauguração ocorreu apenas 1 ano depois, pois o governador da época fez questão de que esse momento fosse celebrado na data do centenário da fundação da instituição (29 de outubro de 1910), e assim o foi. Com esse acontecimento, os livros que estavam até então abrigados na Rua do Passeio são transferidos para a nova construção, sendo necessárias para isso mais de 1200 viagens entre os dois locais! Desde então, essa é a casa da Biblioteca Nacional.
FUNÇÕES DA BIBLIOTECA
O principal objetivo da Biblioteca Nacional é preservar o acervo literário e bibliográfico não apenas do Brasil, mas também do mundo, além de poder oferecer parte de tal acervo para quem tem o interesse de fazer consultas e pesquisas. É importante lembrar, aliás, que o acervo é bem diversificado, não sendo composto apenas por livros, mas também por rolos de microfilme, partituras, revistas, quadros, mapas e muito mais. Atualmente a coleção é composta por mais de 9 milhões de peças, número que aumenta diariamente devido às centenas de publicações recebidas todos os dias.
Isso se deve a uma lei que obriga as editoras a enviar para a biblioteca pelo menos uma cópia de tudo que é publicado no Brasil, sem distinção de relevância ou tema. Os principais tipos de itens recebidos são jornais, revistas e livros.
Entre o acervo se encontram documentos históricos marcantes que são objeto de exposições temporárias na biblioteca. Exemplos de documentos que já foram expostos lá são: a carta de abertura dos portos brasileiros, o projeto da Lei Áurea, livros de Jorge Amado datilografados, a folha de Chico Buarque com a letra da música Cálice e muito mais. Vale a pena conferir quando passar por lá!
OBRAS RARAS (ficam no cofre)
O acervo da Biblioteca Nacional também conta com algumas obras que, por serem muito raras e/ou antigas, são mantidas em cofre e somente são retiradas de lá em ocasiões excepcionais. Abaixo, um pouquinho sobre algumas dessas obras:
- Bíblia de Mogunça: feita pelos sócios de Gutenberg, foi a primeira bíblia totalmente impressa da história. É chamada assim porque Mogunça é versão aportuguesada do nome da cidade, na Europa, em que essa bíblia foi produzida. Sua escrita é em caracteres góticos junto com latim, e chegou ao Brasil através da família real. No mundo inteiro existem em torno de apenas 60 exemplares, dos quais 2 se encontram na nossa Biblioteca Nacional.
- Primeira edição de Os Lusíadas: presente do próprio Luís de Camões à família real, este foi um dos documentos que chegou ao Brasil com a vinda da corte portuguesa e jamais retornou ao país de origem, uma vez que quando Dom João VI decidiu voltar para Portugal às pressas, não teve tempo de reunir todo o seu acervo para levar consigo. Por isso, D. João deixou esta obra aqui e mais tarde pediu ao seu filho Pedro que lhe enviasse esta edição e algumas outras obras especiais. D. Pedro I, no entanto, se recusa a conceder o pedido de seu pai, por desejar que o Brasil, recém independente, já se “iniciasse” com uma base de acervo literário.
- Gramática da língua tupi: escrito em 1595, essa obra pertenceu a Dom Pedro II e chega ao acervo em meio a uma doação feita pelo imperador, já no final da sua vida, que foi a maior doação já recebida em toda a história da biblioteca! Essa coleção se chama Maria Teresa Cristina e não é composta apenas por livros, mas também por fotos, quadros e outros itens que a família real ganhou, herdou ou comprou ao longo de décadas. Esta gramática, em específico, era voltada para os padres da época, a fim de poderem aprender a língua tupi e dessa forma ter mais eficácia na catequização dos indígenas. Seu autor foi o Pe. José de Anchieta e hoje em dia é considerada uma obra bem rara, existindo somente cerca de 20 exemplares do mundo, dos quais 2 estão na biblioteca.
- Evangeliário grego: datado entre o século XI e XII, o maior destaque dessa obra se deve ao fato de ser o documento mais antigo do acervo! Chegou à biblioteca através de uma doação feita em 1912 por um brasileiro descendente de gregos. Apesar de muito antigo, o livro ainda se encontra em excelente estado de conservação, principalmente por ter sido escrito em pergaminho, que por ser de couro animal é mais durável.
- Gazeta do Rio de Janeiro: apesar de não ser rara, outra obra marcante do acervo é o primeiro jornal publicado no Brasil! Vale lembrar que, antes da chegada da família real ao Brasil, não era permitido que nada fosse legalmente publicado em solo brasileiro. Esse jornal, portanto, foi publicado em 1808 na Impressão Régia, também fundado por Dom João VI. Consistia basicamente em um jornal com o objetivo de manter as pessoas informadas sobre as principais cidades brasileiras e europeias, incluindo casamentos, óbitos, aniversários, notícias de navios atracando no porto e assim por diante. Geralmente as edições eram bem simples, não passando de 2 páginas.
Em suma, posso afirmar que gostei muito de visitar a Biblioteca Nacional e conhecer mais de perto esse patrimônio histórico e cultural gigantesco do nosso país! Considero visita indispensável pra quem visita o Rio de Janeiro!
Espero que você tenha gostado do post e, para qualquer dúvida, estou a disposição por aqui ou pelas outras redes sociais. Se quiser mais dicas, me acompanhe no instagram (@wheresluiza), onde eu posto várias informações e dicas sobre a minha viagem ao Rio de Janeiro e muitas outras!