Gruta de Maquiné — MG: pra nos lembrar o quanto a natureza é incrível

Luíza Cipriani
6 min readMar 7, 2019

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Em dezembro, durante minha viagem a Minas Gerais, tive a oportunidade de conhecer a Gruta de Maquiné, que fica no município de Cordisburgo e é considerada uma das grutas mais bonitas do mundo! Sua formação é totalmente natural, feita pela água. Hoje em dia, a única coisa alterada pelo homem foi a colocação de luz no seu interior, pois sem isso seria escuridão total e não poderíamos visitar. Além disso, o degraus também foram melhor esculpidos visando mais segurança para os visitantes.

As escadas e a iluminação são as únicas partes artificiais da gruta.

A Gruta de Maquiné recebeu esse nome em homenagem a Joaquim Maria do Maquiné, dono daquelas terras e que em 1825 descobriu a entrada. Alguns anos depois, em 1834, chegou na gruta o dinarmaquês Peter Lund, com o objetivo de explorá-la cientificamente. Por suas descobertas ali, ficou marcado na história como o criador da paleontologia brasileira, apesar de que os fósseis que encontrou na gruta foram levados para a Dinamarca.

A visita nos permite conhecer 400 metros, mas isso é apenas uma pequena parte da gruta toda. Por enquanto só se conhece uma abertura da gruta, que funciona como entrada e saída. Aliás, logo na entrada é interessante notar a presença de uma pintura rupestre, datada de 6 mil anos atrás, mas que até agora ninguém decifrou o que representa.

A entrada da gruta e, na segunda foto, a pintura rupestre, que tem formato parecido com um garfo.

Depois da entrada, a visita passa por 7 salões, cada um com seu devido nome, em que chegamos a até 18 metros de profundidade em relação à entrada. O maior salão da gruta, que é o último do percurso, tem 140 metros de comprimento e suporta a montanha rochosa com cerca de 200 metros de expessura que fica acima SEM NENHUMA COLUNA! É inacreditável.

O maior salão da gruta

A gruta foi formada em 3 fases diferentes:

  1. Formação da rocha calcária, com início entre o período pré-cambriano e cambriando (cerca de 600 a 900 milhões de anos atrás) e origem marítima. Isso é um indício de que tudo aquilo já foi fundo de oceano!
  2. A segunda fase é marcada pelo trabalho de erosão, quando um rio subterrâneo passa pela futura gruta cavando suas abertuas. Isso aconteceu há cerca de 300 milhões de anos!
  3. A última fase para que a gruta se constituísse como a conhecemos hoje foi a de ornamentação, na qual a água da chuva passa pelo processo de gotejamento ou escorrimento. Assim, minerais são retirados das montanhas próximas e depositados na gruta. O pricipal deles é o carbonato de cálcio, que após o processo de cristalização vira a chamada calcita, com propriedades similares ao mármore mas muito mais frágil. Para se ter uma ideia, leva de 15 a 20 anos para que se forme 1 centímetro de calcita! Com esse dado, calcula-se que as calcitas das formações grandes da gruta tenham começado a se formar há cerca de 60 a 80 milhões de anos!

Os cristais de calcita dão origem às famosas estalactites e estalagmites! É importante diferenciar que a estalactite se forma de cima para baixo, enquanto as estalagmites se formam de baixo para cima, contra a gravidade, sendo que a água da chuva neste último caso chega pelas laterais. Os dois tipos de formação têm projetos de se encontrarem, formando uma coluna completa. Porém, esse processo leva milhões de anos e é constantemente interrompido pela destruição humana.

Estalactites e estalagmites, a “decoração” da gruta.

Esses mesmos cristais também podem dar origem a formações com cor avermelhada, quando há a presença de ferro oxidado. Além disso, também é possível encontrar formações verdes pela gruta, o que representa a existência de algas naquele local, que sobrevivem graças à umidade. Porém, desde 1992 a chuva não foi mais suficiente para alagar a gruta, devido às transformações climáticas. Desde então, a umidade no interior da gruta só vem diminuindo e, por isso, provavelmente em pouco tempo a cor verde vai desaparecer dali, o que é lamentável.

Na primeira foto, a presença de formações vermelhas e verdes. Na segunda e na terceira, espaços que antes eram preenchidos por água, formando piscininhas naturais.

Como se não bastasse todo essa criação inacreditável da natureza, ela ainda se encarregou de construir um ralo natural da gruta, para que a água pudesse escoar em caso de grandes inundações. Essa abertura é chamada de “sumidouro” e não se sabe direito para onde ele leva a água, mas acredita-se que existam outras galerias ainda mais pra baixo!

Sumidouro

Enfim, visitar a Gruta de Maquiné foi uma experiência INCRÍVEL! É um daqueles lugares que você fica impressionado do começo ao fim, só pensando no quanto somos pequenos diante da natureza, que há milhões de anos faz obras magníficas sem nenhuma participação humana. É tão lindo e grandioso que foto nenhuma consegue transmitir o que é visitar esse local, sério! Pra quem tiver a oportunidade, recomendo muuuito conhecer pessoalmente pra entender o que eu digo! E de bônus, esse lugar maravilhoso ainda é dentro do nosso país.

Lugar maravilhoso por foto e inexplicável pessoalmente

A visita é obrigatoriamente guiada e as informações desse post foram fornecidas pelo guia, que era ótimo! Para entrar, custa R$25,00 o ingresso inteiro e tem desconto de meia-entrada para estudantes e idosos. No local há um restaurante de comida mineira e caseira que achei bem bom, mas é importante ressaltar que eles só aceitam pagamento em dinheiro!

Espero que você tenha gostado do post e, para qualquer dúvida, estou a disposição por aqui ou pelas outras redes sociais. Se quiser mais dicas, me acompanhe no instagram (@wheresluiza), onde eu posto várias informações e dicas sobre a minha viagem a Minas Gerais e muitas outras!

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Written by Luíza Cipriani

Viagens, livros e outras coisas mais. // 24, Florianópolis

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