MEU ROTEIRO COMPLETO DE MENDOZA – ARGENTINA
Tudo que você precisa saber para conhecer a capital do vinho!
Na base da Cordilheira dos Andes e com muito a oferecer, Mendoza tem sido um destino cada vez mais procurado pelos brasileiros. E não poderia ser diferente, já que é um destino internacional próximo de nós e prato cheio para quem gosta de vinhos, de natureza ou simplesmente de conhecer lugares diferentes!
COMO CHEGAR E SE LOCOMOVER
Os dois principais meios de chegar em Mendoza são de avião (tem aeroporto em Mendoza!) ou de ônibus, normalmente saindo de Santiago (Chile). Escolhi a segunda opção (fui de avião até Santiago e de ônibus até Mendoza) para conhecer a estrada, que passa pelos Andes e é muuuuito linda, além de ser acabar saindo muito mais barato do que ir de avião até Mendoza. Para quem tiver interesse, vale até dar uma esticadinha na viagem para conhecer a capital chilena e seus arredores!
DICA: Exatamente em frente à rodoviária de Santiago tem um Ibis (Ibis Estacion Central), onde me hospedei e facilitou muito por poder ir a pé até a rodoviária (economizando tempo e dinheiro). Vale lembrar que o Uber e outros aplicativos similares são ilegais no Chile e, portanto, saindo do aeroporto de Santiago, o táxi oficial do aeroporto (só esses podem operar legalmente no aeroporto) até o hotel custou 19.000 pesos chilenos (aproximadamente 115 reais).
A viagem de ônibus de Santiago a Mendoza leva em torno de 7 horas e digo com segurança que a paisagem fez cada segundo valer a pena! Vale lembrar que é uma estrada muito perigosa, cheia de penhascos e curvas extremamente fechadas, portanto NÃO RECOMENDO ir de carro se você não conhece a estrada!!!! Até porque, chegando lá, se você quiser visitar vinícolas não vai poder dirigir depois de beber, então não vale nem um pouco a pena alugar carro. Eu gostei muito da opção de ir de ônibus e recomendo.
Fui com a empresa Cata e a passagem em semicama com serviço custou em torno de 1500 pesos por pessoa (pouquinho mais de 100 reais) — achei que foi um custo benefício bem bom! As poltronas eram bem confortáveis e foram servidos lanchinhos, bebidas geladas e quentes durante a viagem. Se você também fizer esse trajeto de ônibus, recomendo muito comprar a passagem com antecedência (comprei por este site, mas você também pode comprar direto nos sites das empresas de ônibus) para conseguir pegar as poltronas da frente, que tem a melhor vista e um pouco mais de espaço para as pernas do que as outras.
Outro motivo para não ir de carro é que tem muitos pedágios e postos de controle de imigração ao longo da estrada, já que é região de fronteira entre o Chile e a Argentina, então além de ser caro pode também ser mais demorado e burocrático se feito por conta própria.
IMIGRAÇÃO
Na fronteira entre Argentina e Chile (e vice-versa) todo mundo tem que sair do ônibus para passar pelo controle de passaporte e pela aduana. Assim, todas as malas são retiradas e passam por um raio-x.
Além disso, os policias escolhem algumas bolsas de mão para serem abertas, e dentro dessas não pode conter nenhum item in natura (como frutas, por exemplo — basicamente, nada que não seja industrializado)!!!! Se você estiver portando alguma coisa assim, tem que consumir antes ou jogar fora. Caso contrário, você corre o risco de pagar multas caríssimas (em torno de 150 dólares!).
Recomendo também levar um casaquinho para usar quando você precisar sair do ônibus para passar pela aduana, já que o posto de controle fica em um ponto bem alto, no meio dos Andes, e por isso é bem friozinho (mesmo no verão). Esse processo de imigração pode levar algum tempo, então é bom estar preparado!
QUANTOS DIAS?
Fiquei 3 dias inteiros em Mendoza (2 visitando vinícolas e 1 para conhecer o Aconcágua) e achei que ficou perfeito assim! Na última vinícola já estava ficando cansativo, então acho que seria muito se fossem 3 dias visitando vinícolas. Além disso, valeu muito a pena reservar um dia para o passeio ao Aconcágua — por ser uma experiência sensacional mas também para variar um pouco o tipo de passeio na região (principalmente para quem vai com criança/adolescente). No tempo que sobrou, aproveitei para andar pela região central da cidade, conhecendo as várias atrações que ela oferece.
TOUR PRIVATIVO
Para fazer os passeios em Mendoza, como eu disse, não vale a pena e nem é seguro alugar carro. Assim, vamos às opções que sobram.
A que eu achei melhor de todas é a possibilidade de contratar um motorista particular, que agenda para você as vinícolas que você quer visitar e fica à sua disposição durante o dia todo. Assim, a maior vantagem é que você pode escolher ao seu gosto as vinícolas que quiser conhecer e fazer tudo no seu próprio tempo, demorando mais ou menos onde você preferir.
Importante ressaltar que as visitas nas vinícolas são feitas sob agendamento e, com quanto mais antecedência você agendar, mais chance tem de poder visitar exatamente as que você quer. Se deixar para cima da hora, provavelmente as mais famosas já não vão mais ter disponibilidade, principalmente na alta temporada e em feriados.
Outro ponto importante é que não vale a pena agendar a visita para mais de 3 vinícolas por dia!!! Isso porque a degustação em cada uma delas inclui em média 4 ou 5 taças de vinhos bem intensos, então é difícil aguentar mais do que 3 vinícolas. Além disso, mais do que 3 no mesmo dia acaba ficando repetitivo, já que todas tem processos de produção minimamente similares.
Com esse tipo de serviço privativo, visitei 3 vinícolas da região de Lujan de Cuyo (Susana Balbo, Chandon e Decero), onde o ponto forte pra mim foi com certeza a qualidade e sabor dos vinhos! Porém, tem várias outras excelentes vinícolas nessa região (inclusive algumas mais famosas que não consegui vaga), então recomendo bastante conversar com o motorista ou a empresa que você for contratar para que eles lhe auxiliem na escolha de quais visitar, de acordo com as suas preferências e seu estilo de viagem.
- Susana Balbo: primeira mulher enóloga da Argentina (nasceu e estudou em Mendoza), Susana Balbo trabalhou em outras vinícolas, mas foi muito difícil por ser a única mulher em uma área até então dominada pelos homens, não conseguindo trabalhar por muito tempo em Mendoza por esse motivo. Foi para Salta (norte da Argentina) e lá virou especialista na uva torrontés, de origem argentina. Em seguida, trabalhou em outras regiões do mundo e em 1999 começou a fazer seus próprios vinhos em Mendoza. Aqui, o maior destaque pra mim foi o vinho branco servido na degustação, que foi SENSACIONAL, com certeza o melhor da Susana e diria até que o melhor que eu experimentei na viagem! Também gostei muitíssimo da guia da visita, que falava português e explicava tudo super bem!
- Chandon: fundada em 1960, é umas 6 únicas Chandons no mundo inteiro, sendo esta, em Mendoza, a única delas que produz espumante com uva Malbec! A degustação foi deliciosa e, novamente, a guia da visita foi excelente! Gostei muito de conhecer.
- Decero: nesta vinícola, além da visita com degustação, também foi onde desfrutamos de um almoço em 5 passos com harmonização. Todos os pratos estavam muito bons e os vinhos também! Além disso, gostei muito que eles oferecem cardápios para quem tem restrições alimentares (eu, por exemplo, pedi o cardápio vegano), sendo necessário apenas avisar para o seu guia o quanto antes.
ÔNIBUS VITIVINÍCOLA
Outra forma também interessante e mais barata de conhecer vinícolas em Mendoza é com o serviço de ônibus da empresa Bus VitiVinícola, que tem roteiros já pré-definidos pelas várias regiões vinícolas.
Nesse tipo de passeio, a vantagem é o preço mais acessível, enquanto a desvantagem é ter horário marcado para cada parada, impossibilitando de fazer seu próprio tempo, mas também achei uma opção bem boa! Nesse passeio, o valor pago à empresa é referente apenas ao transporte de ônibus, o que significa que as degustações nas vinícolas devem ser pagas na hora das visitas.
Com a Bus Vitivinícola fiz o trajeto do Valle do Uco B (Andeluna, Domaine Bousquet e Salentein), vinícolas cujo ponto forte no geral, pra mim, foi a paisagem, já que essa é a região mais perto da Cordilheira dos Andes.
- Andeluna: vista e ambiente maravilhosos! Para quem tiver interesse em uma experiência diferente, essa vinícola oferece também a opção de hospedagem, durante a qual os turistas podem participar do processo de produção das refeições ali servidas e conhecer ainda mais de perto a produção dos vinhos.
- Domaine Bousquet: o maior diferencial, aqui, com certeza é sua produção totalmente orgânica, buscando um menor impacto ambiental e social, usando recursos naturais na produção e valorizando os produtores locais. Lá, os fertilizantes utilizados, por exemplo, são os do adubo gerado a partir dos resíduos orgânicos das frutas não utilizadas, e os antipesticidas são feitos de hormônios sexuais naturais que impedem as pragas de se reproduzir. Eu gostei muito de conhecer essa vinícola, principalmente por toda a filosofia que a empresa prega como fundamento para sua prática e por valorizar aspectos de política socio-ambiental que para mim são tão caros. Além da visita interessantíssima, lá também tivemos um almoço harmonizado em 4 passos que estava bom, mas confesso que não tanto quanto o servido na Decero. Eles também tem opções de cardápio para quem tem restrições alimentares.
- Santelein: entre todas as vinícolas que eu visitei, essa foi com certeza a com o visual mais lindo, bemmm pertinho da cordilheira! Pra ficar ainda melhor, tem uma arquitetura super diferente, é toda conceitual e se mistura muito com arte — tem até uma galeria de arte lá dentro e achei essa combinação maravilhosa!
EXPEDIÇÃO ACONCÁGUA
O Monte Aconcágua fica na Cordilheira dos Andes e é a maior montanha do mundo fora da Ásia! De Mendoza, saem diversos tours para os arredores do Parque Nacional que abriga o Aconcágua.
Eu fiz o passeio com a empresa Kahuak e foi uma experiência incrível! O guia era muito bom, dominava demais as informações sobre geografia e história da região e sabia explicar super bem, apesar de eu não ter entendido tudo porque as explicações eram todas em espanhol, idioma que eu não compreendo tanto. O almoço já é incluso no passeio e tem opção para pessoas com restrições, bastando comunicar ao guia. Achei a comida boa, mas foi servida somente às 15:00 (última parada do passeio) e achei em muuito pouca quantidade, então se você for esfomeado como eu (principalmente depois de 2h de trilha), recomendo levar lanchinho extra!
Antes de chegar no parque, paramos na lagoa de Potrerillos e na Ponte do Inca, ambos locais muito lindos e interessantes:
- Lagoa de Potrerillos: formada a partir do represamento do rio Mendoza, a lagoa é o reservatório de água da hidrelétrica de mesmo nome, responsável pelo abastecimento da província. Fica situada no pé da cordilheira e uma paradinha ali é sempre inclusa na maioria dos passeio pela região, graças ao visual lindíssimo composto pela sua água bem azul em conjunto com as montanhas.
- Ponte do Inca: chamada assim em referência a uma lenda envolvendo o antigo povo que habitava a região, essa ponte é, na verdade, formada naturalmente por resíduos geológicos esculpidos durante muuuito tempo pela água e pelo vento, até obter esse formato impressionante. O local também é fonte de água termal e, por isso, antigamente funcionava ali um hotel que oferecia banhos com estas águas ditas curativas, mas foi atingido por uma avalanche, abandonado e hoje podemos ver apenas suas ruínas.
Em seguida, seguimos para o Parque Provincial Aconcágua e, chegando lá, fizemos uma trilha que durou no total (ida + volta) 2 horas. Pode não parecer muito, mas a altitude é um fator que dificulta bastante o percurso. Ainda assim, a trilha desse passeio pode ser feita por pessoas com preparo físico padrão, chegando a 3.100m de altura em relação ao nível do mar. Os mais corajosos e bem preparados se aventuram em trilhas maiores, na tentativa de chegar cada vez mais perto do topo da montanha (que alcança 6.960m).
Para a trilha, tem que ir bem preparado para lidar da melhor forma possível com a altitude. É indispensável levar um corta-vento porque venta muuuuito e também uma ou mais roupas quentes por baixo, mesmo no verão! Lá em cima é bem mais frio do que na cidade. Se for no inverno, prepare-se para MUUUUITO frio!!! Outros itens que considero importantes:
- tênis confortável
- protetor solar
- algum lenço ou algo assim para proteger o nariz e os ouvidos do vento e do clima muito seco, que dificulta respirar.
- manteiga de cacau — os lábios ressecam muito
- óculos de sol — principalmente para proteger da poeira que entra no olho por causa do vento muito forte!
- água — que normalmente é dada pela empresa de turismo que levar você.
Apesar das dificuldades por causa da altitude, garanto que vale muuuito a pena o passeio! A trilha por si só já é muito linda, mas a experiência de estar pertinho do Aconcágua é sensacional demais! Eu amei e recomendo muito, mas não esqueça de ir bem preparado com os itens que eu mencionei acima!
PELA CIDADE DE MENDOZA
Além de visitar muitas vinícolas e conhecer o Aconcágua, Mendoza também oferece opções na região central da cidade. Exemplo disso é o interessantíssimo Museo da Área Fundacional, que conta a história da cidade desde a época em que ali viviam os Incas até os dias atuais, além de conservar ruínas de construções que foram destruídas por um grande terremoto que atingiu a cidade em 1861. Eu aprendi muito com a visita e super recomendo para entender mais sobre a cidade! A entrada custa 100 pesos por pessoa.
Outro lugar que gostei muito de conhecer foi o Parque General San Martin, o maior da cidade e que abriga várias atrações como museus, igrejas, teatros e muito mais. Além de tudo, é um espaço muito agradável para passear.
Também vale dar uma passadinha na Plaza Independência, que é muito bonita e cheia de vida. Quando eu fui, tinha até uma feirinha de artesanato super legal rolando por lá!
Fora isso, gostaria também de ter conhecido o Museu do Vinho (La Enoteca) e de ter feito um free walking tour pela cidade, mas acabei não conseguindo incompatibilidade de horário com as viagens de ônibus e com os outros passeios que eu fiz. De qualquer forma, fica a sugestão para quem quiser conhecer!
ONDE FICAR
Mendoza é toda arborizada (conhecida como “cidade-bosque”) e cheia de praças. A principal praça é a Plaza Independência, ao redor da qual se concentra o centro da cidade e é a melhor região para se hospedar.
Eu fiquei no Quinta & Suites Apart Hotel e achei que foi impecável! O quarto era amplo, limpo, com uma mini cozinha, o atendimento era bom e a localização perfeita: praticamente na esquina com a rua Arístides Villanueva, a mais “badalada” da cidade pela grande quantidade de restaurantes e barzinhos ali, muito frequentados pelo pessoal local. Achei super agradável!
Outra rua importante para a cidade é a San Martín, principal ponto de comércio em Mendoza. Se hospedar por ali também pode ser interessante, mas imagino que fique bem deserto a noite/nos finais de semanas e feriados, então ainda optaria pelos ao redores da Arístides.
QUANDO IR?
A melhor época para ir a Mendoza sem dúvida nenhuma é no verão (dezembro a março), de preferência especificamente na época da colheita das uvas (final de janeiro e fevereiro), quando as parreiras estão carregadas em seu auge, bem verdinhas e lindas! Além disso, é também quando as temperaturas estão mais amenas.
Isso porque no inverno o frio é bem rigoroso, já que estamos falando de uma região de altitude! Neva bastante e tem inclusive risco de nevascas e avalanches, que por vezes podem impossibilitar alguns passeios. Não suficiente, no inverno as parreiras de uvas das vinícolas estão secas e consequentemente não deixam o visual com tanta beleza e vida como no verão!
QUE ROUPAS LEVAR?
Se for no inverno, vá preparado para MUITO frio. Mesmo se for no verão, é importante lembrar que as temperaturas variam bastante ao longo do dia. Quando estive lá, todos os dias de manhã e a noite fazia por volta de 14ºC, enquanto durante o dia chegava a 30ºC. Por isso, o ideal é ter um casaquinho e, por baixo, uma roupa mais leve, de manga curta.
Espero que você tenha gostado do post e que, com estas informações, tenha uma experiência tão linda em Mendoza quanto a minha! Para qualquer dúvida, estou a disposição por aqui ou pelas outras redes sociais. Se quiser saber mais, me acompanhe no instagram (@wheresluiza), onde eu posto várias informações e dicas sobre a minha viagem a Mendoza e muitas outras!