TUDO que você precisa saber sobre a travessia/trekking/trilha nos Lençóis Maranhenses!

Ou: cruzei os Lençois Maranhenses a pé e vim te contar como foi essa experiência!

Luíza Cipriani
8 min readOct 20, 2023
Sim, sou eu ali! :’)

Todo mundo já ouviu falar nos Lençois Maranhenses, mas o que nem todo mundo sabe é que existem dois jeitos de conhecer esse lugar maravilhoso: pelos passeios tradicionais (feitos de 4x4 ou buggy, que te buscam de manhã no hotel e levam de volta no fim do dia) ou a pé, por uma trilha de quase 50km que dura de 3 a 4 dias.

É claro que eu escolhi a segunda opção (travessia de 3 dias) e não poderia deixar de relatar aqui, para incentivar que outras pessoas também vivam essa experiência inesquecível!

A TRAVESSIA

Panorama geral

O trajeto se inicia no município de Barreirinhas, mas a caminhada propriamente começa no município de Atins e vai até Santo Amaro, passando por lagoas paradisíacas que os passeios tradicionais, com multidões de turistas, não chegam.

Os grupos começam as caminhadas sempre de manhã bem cedo, assistem o nascer do sol, param pra tomar banho de lagoa e caminham só até a hora do almoço. O lugar é tão lindo que você nem vê o tempo passar!

Em todas as noites da travessia, a gente dormiu em comunidades que existem no meio dos lençóis, e sempre em redes. Também foi nessas comunidades que a gente fez todas as refeições, higiene, tomou banho (de água gelada, mas tudo certo porque no Maranhão tem “um sol pra cada”) e carregou os equipamentos eletrônicos.

Afirmo com segurança que é uma experiência sensacional de turismo de base comunitária que realmente faz diferença na vida das pessoas que moram ali.

Abaixo, deixo os detalhes de cada um dos 3 dias da travessia.

Eu & a imensidão

Dia 1

O passeio começou as 8:30h do “dia 1”, quando o nosso guia nos buscou na pousada que estávamos hospedados em Barreirinhas e nos levou até o cais da cidade.

Dali, fomos de barco com vários turistas para os povoados de Vassouras, Mandacaru e Caburé, trajeto que consiste em um dos passeios tradicionais contratados pela maioria dos turistas que não fazem a travessia, mas que é parte do caminho para quem faz.

Em Caburé nos separamos dos demais turistas (que não iriam fazer a travessia) e fomos de barco até o município de Atins, onde entramos num 4x4 que nos levou até o ponto de início da caminhada.

A essa altura já era início da tarde, então nesse dia caminhamos menos do que nos seguintes (cerca de 7km). Durante o trajeto até a hospedagem da primeira noite, paramos em 2 lagoas para tomar banho.

Em seguida chegamos no oásis (é assim que são chamadas as pequenas comunidades existentes no meio dos Lençóis) de Baixa Grande, onde ficamos hospedados com outros grupos que também estavam fazendo a travessia. Chegamos já no fim de tarde, então só deu tempo de tomar banho, jantar e ir dormir (em redes, claro).

Dia 2

No dia 2 da travessia acordamos às 5h e, às 6h, começamos a caminhar. Caminhamos cerca de 12km, passando por várias lagoas MARAVILHOSAS, até chegar no oásis Queimada dos Britos, por volta das 12h.

Lá ficamos na casa da Maria e sua família. Maria se mostrou ser uma pessoa sensacional: muito divertida, simpática, solícita e que conquista o carinho de qualquer pessoa que a conhece.

Almoçamos e descansamos na sombra fresca em meio à paz de um oásis no meio de um deserto e, no fim de tarde, fomos ver o por do sol nas dunas dali perto. Foi lindo demaaaais!!!

Por do sol nos Lençois Maranhenses

Na volta jantamos e fomos dormir.

Dia 3

O último dia da travessia é o que inclui o maior trajeto de caminhada, motivo pelo qual acordamos às 2h, para começar a caminhar às 3h (sim, é isso mesmo que você leu! kkkk).

Caminhamos algumas horas no escuro, mas fomos conversando e nem senti a distancia passar. Foi super legal! Na sequência, paramos para ver o nascer do sol, que refletindo nas lagoas marcou outro momento belíssimo da travessia!

Nesse dia, apesar da caminhada ser mais longa, foi o meu preferido no que se refere à paisagem: foi TÃO linda, mas TÃO linda, que eu fiquei distraída o tempo inteiro da caminhada, completamente abismada com tanta beleza.

Algumas das lagoas paradisíacas pelas quias passamos no último dia de trekking.

Por fim, chegamos ao ponto final do percurso e dali fomos de barco até o povoado de Betânia, onde almoçamos e tomamos caipirinhas sensacionais (recomendo fortemente as de abacaxi e kiwi!). Depois, seguimos de 4x4 até Santo Amaro e, dali, pra São Luís.

Ponto final do trekking e almoço no povoado de Betânia.

Quando ir

A melhor época pra ir é de maio a outubro, quando já parou de chover mas ainda tem água nas lagoas. No entanto, o melhor mês mesmo é junho, quando ainda dá pra combinar a travessia com as comemorações de São João na capital.

O que levar

Quando se trata de longas caminhadas, é fundamental pensar no calçado! Porém, a areia dos Lençóis Maranhenses, ao contrário do que parece, é firme e não fica quente por causa do vento, então dá pra caminhar descalço numa boa — e certamente é a melhor alternativa. Também é bom levar uma meia pra caso a sola do pé comece a incomodar. Fora isso, tênis, papete, bota de trilha ou qualquer coisa desse tipo é peso desnecessário!

Não esqueça também de óculos de sol, chapeu, protetor solar, blusa com proteção UV e uns 2 ou 3 biquínis/bermudas de banho. Pra além disso, LEVE O MÍNIMO POSSÍVEL, SÉRIO! Porque acredite em mim: uma hora ou outra a mochila começa a pesar nas costas!

Ah, vale lembrar também que a fonte de energia nos oásis é solar, então é interessante levar Power Bank se você puder.

Com quem ir e quanto custa

O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses tem área maior do que a cidade de São Paulo, além de ser composto por dunas móveis e extremamente parecidas umas com as outras.

Isso significa que é extremamente importante o acompanhamento de um guia experiente, sem o qual é muito provável que você se perca naquela imensidão!

Eu fiz a travessia o guia Maykon, que é guia nos Lençóis desde os 11 anos de idade e que eu recomendo de olhos fechados! Ele conhece tudo e todos na região melhor do que ninguém, resolve qualquer perrengue, é extremamente prestativo e leva tudo na tranquilidade. Sem dúvidas o melhor guia que eu poderia ter encontrado pra essa aventura! Você pode contatá-lo pelo Whatsapp (98 985982319) ou pelo Instagram (@maykonguialencois).

A travessia de 3 dias custou R$1.699,00 por pessoa com todas as refeições e pernoites inclusos + transporte de Barreirinhas até o início da trilha + guia, em um grupo de 3 pessoas. Te garanto que valeu cada centavo!

Como chegar de São Luís a Barreirinhas

De São Luís até Barreirinhas, onde começa o passeio, fomos de micro-ônibus. Contratei com uma empresa que não recomendo, pois atrasou muito, mas é só colocar no google “transfer Barreirinhas São Luís” que aparecem várias opções. Não cometa o mesmo erro que eu e lembre-se de verificar as avaliações da empresa antes de contratar! Custou R$95,00 e a viagem dura em torno de 4 horas.

Vale destacar também que, em Barreirinhas, fiquei hospedada por 1 noite na Pousada Amar, que é simples, mas recomendo! Super limpa, com excelente localização, atendimento ótimo e café da manhã bem feito.

Como voltar de Santo Amaro para São Luís

Como visto, o passeio termina no município de Santo Amaro. Dali, voltamos para São Luís de van, contratada pela própria empresa com a qual fechamos a travessia (é só falar com o Maykon!). Custou R$120,00 (pagos a parte) e também levou cerca de 4 horas de viagem.

Eu amei ter essa experiencia completamente imersiva nos Lençóis Maranhenses, que é um lugar único no mundo e surreal de tão lindo! Simplesmente não dá pra enjoar, porque a paisagem surpreende a cada passo.

E aí, tu iria? Envia esse post pra quem vai viver essa aventura contigo!

Espero que você tenha gostado e, para qualquer dúvida, estou a disposição por aqui ou pelas outras redes sociais. Se quiser saber mais, me acompanhe no instagram (@wheresluiza), onde eu posto várias informações e dicas sobre a minha viagem ao Maranhão e muitas outras!

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Luíza Cipriani
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Written by Luíza Cipriani

Viagens, livros e outras coisas mais. // 24, Florianópolis

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