UNIVERSIDADE JAGUELÔNICA, a mais antiga do país! — Cracóvia, Polônia.

Luíza Cipriani
4 min readFeb 14, 2024

A minha primeira parada da viagem pela Polônia foi em Cracóvia, mais especificamente na Universidade Jaguelônica, a mais antiga do país!

Essa instituição foi fundada no ano de 1364 pelo rei Kazimierz, O Grande. Nessa época, porém, a universidade ainda não possuía um edifício próprio, motivo pelo qual os alunos e professores alugavam salas em diversos prédios privados para a realização das aulas.

Pequena estátua de Kazimierz, O Grande, fundador da Universidade Jaguelônica.

Em 1370, porém, Kazimierz, O Grande faleceu e, desde então, a universidade ficou fechada. Até que, no ano de 1400, a instituição foi reaberta pelo rei Ladislau II, da dinastia Jaguelônica — daí o nome pelo qual passou a ser chamada.

Também foi por volta dessa época que foi construído o primeiro edifício próprio da instituição, chamado de Collegium Maius, onde hoje se situa o Museu da Universidade Jaguelônica.

Salão principal do Collegium Maius, o edifício mais antigo da Universidade Jaguelônica.

Nesse período em que o Collegium Maius foi fundado, apenas padres e monges podiam assumir o cargo de professores na Universidade. Por isso, o edifício abriga diversos quartos privativos no primeiro e no segundo andar, enquanto no térreo ficam as antigas salas de aula.

Pátio do Collegium Maius e interior de um dos antigos quartos.

Ao longo do tempo, a história da Universidade Jaguelônica ficou marcada pela formação de alguns alunos excepcionais. O exemplo mais ilustre disso é que foi nessa universidade que Nicolau Copérnico — o astrônomo que provou que o centro do Sistema Solar é o Sol, e não a Terra — , estudou astronomia.

Fac-símile do manuscrito do livro “Das revoluções das esferas celestes”, de Nicolau Copérnico, no qual o astrônomo introduz a sua teoria heliocêntrica. À direita, a uma antiga lista de alunos matriculados na Universidade Jaguelônica, entre eles Nicolau Copérnico (sublinhado).

Também foi nessa universidade que, pela primeira vez na história, dois estudantes conseguiram liquidificar o oxigênio — uma conquista muito importante para as ciências!

Além disso, uma curiosidade é que Marie Curie, que mais tarde receberia um prêmio Nobel de química e outro de física, tentou se matricular nessa instituição, mas foi impedida porque, na época, só permitiam a matrícula de homens. Então ela foi estudar na Sorbonne, em Paris, e quando a Universidade Jaguelônica percebeu o erro que tinha cometido, passou a aceitar a matrícula de mulheres também.

À esquerda, bustos de alunos ilustres da universidade — entre eles Nicolau Copérnico. À direita, uma foto da Terra, tirada do espaço por Neil Armstrong durante a expedição Apollo 11, doada ao Museu em homenagem ao 500º aniversário de Nicolau Copérnico.

A Universidade Jaguelônica é tão importante na história da formação intelectual polonesa que foi um dos principais alvos de perseguição do regime nazista durante a segunda guerra mundial. Por esse motivo, em 1939 o governo alemão montou uma armadilha para todos os professores da nobre instituição, que foram presos e enviados para o campo de concentração de Sachsenhausen, próximo a Berlim.

Entre esses professores, alguns foram mortos e muitos foram torturados, mas, apesar disso, alguns conseguiram fugir e voltar a Cracóvia, onde passaram a lecionar aulas secretas durante a guerra. Assim, durante o período em que todas as universidades do país estavam fechadas por ordens de Hitler, a Universidade Jaguelônica foi responsável pela graduação clandestina de cerca de mil pessoas.

Na parede de um dos salões do Collegium Maius, até hoje a data da armadilha é lembrada junto à frase “A Academia não deve ceder”, em memória ao papel de resistência que a universidade exerceu.

“A Academia não pode ceder” — 6.11.1939.

Hoje em dia, dos 160.000 estudantes universitários da cidade de Cracóvia, 40.000 estão na Universidade Jaguelônica, que continua a preservar sua função de promotora da educação de qualidade.

O Collegium Maius oferece visita guiada pelo Museu da Universidade, cujo ingresso pode ser obtido pelo site. O tour leva cerca de 1 hora e se inicia na porta logo abaixo do relógio onde acontece o showzinho dos bonecos (uma tradição mantida desde a fundação do edifício). Apesar de eu ter achado o guia pouco simpático, recomendo muito a visita guiada pelas informações super interessantes que decorrem da longa e admirável história dessa instituição secular, tão importante para a Polônia!

Espero que você tenha gostado do post e, para qualquer dúvida, estou a disposição por aqui ou pelas outras redes sociais. Não esquece de compartilhar esse post com quem vai visitar esse museu com você e, se quiser saber mais, me acompanhe no instagram (@wheresluiza), onde eu posto várias informações e dicas sobre a minha viagem à Polônia e muitas outras!

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Luíza Cipriani

Viagens, livros e outras coisas mais. // 24, Florianópolis